domingo, 12 de agosto de 2007

Após ver flores do cerrado num buquê virtual

Mesmo que eu veja 1.000 flores hoje, amanhã será outro dia, e sei que nada será igual: as flores em si, meu olhar, meu olfato, o mundo em volta. Tudo isso parece até mais importante essas coisas para uma pessoa como eu, agnóstica. Tudo parece ter uma beleza uma urgência de ser sentido e tocado na primeira oportunidade. Eu sorvo tudo que pra mim é belo assim que esteja disponível, e não canso nunca. É quase uma vida ávida, embora frugal, como é a de um beija-flor. Alguém pode olhar pra vida de um e pensar: que sentido tem isso, ter que tomar tanto néctar pra se manter tão pequeno e vivo, tudo passar e ser consumido tão rápido, que ele tenha logo que voltar e estar no néctar de novo; que tenha que diminuir tanto seu ritmo durante o descanso, pra não morrer durante o sono... Mas ele não tem como mudar isso, e vive intensamente.
Mas, engraçado, em contraponto, as pessoas às vezes deixam escapar que também não vêem sentido na vida da preguiça, tão lenta, que faz em horas o que os outros fazem em minutos... Tudo isso é preconceito e intelorância, marcas tristes que carregamos há muito tempo. Beija-flor e preguiça, antagonismos que deviam nos ensinar que cada coisa tem seu ritmo, e mesmo assim tudo é normal, natural, e belo.

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